[ O corpo da mulher indígena]
- povostupinikim
- 17 de ago. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de set. de 2020

Não é símbolo sexual, artefato, moeda de troca, conto de fada, boneca ou ingênua. Nem tão pouco exótico.
Entre décadas e décadas de machismo presente, os corpos das mulheres indígenas, assim como de todas mulheres, são submetidas a violências sexuais, estupradas até ao longo da vida. Dados do Sinan- Ministério da saúde revelou registro de 8.221 notificações de violência contra indígenas entre 10 a 19 anos. E 2/3 dos agressores não é familiar.
"Somam-se a essas violências o preconceito, racismo, assédio e a invisibilidade das mulheres, dos povos, que lutam constantemente por suas terras e pela demarcação das mesmas. E com o aval para exploração dos territórios indígenas agravam ainda mais" (Raquel K).
“Falar dos corpos indígenas é falar da história do Brasil, dos corpos das mulheres no Brasil e da miscigenação, que é falada como uma coisa romantizada. (...) Viam as mulheres indígenas, ao mesmo tempo que chamaram nosso corpo de vergonha, dessa nudez, tinha-se a imagem do indígena inocente, das mulheres indígenas enquanto ingênuas também" (Raquel k).
Assim podemos ver na carta de Pedro Vaz de Caminha, ao começar a invasão portuguesa.
“Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas.(...) Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos, compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha. (..) E uma daquelas moças era toda tingida, de baixo a cima daquela tintura; e certo era tão bem-feita e tão redonda, e sua vergonha (que ela não tinha) tão graciosa, que a muitas mulheres da nossa terra, vendo-lhe tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela”.
A luta é incessante e constante das mulheres no Brasil.Cada uma lutando pela sua realidade.Seja branca, preta ou indígena todas estão no movimento feminista lutando pela igualdade. Poucas mulheres indígenas não são reconhecidas pelo seu trabalho,enquanto artistas, educadoras ou referências acadêmicas. É preciso mudar! E como diz a cantora indígena Kaê Guajajara "Homenagem não muda nossa vida".

Fotógrafo Pietro - PH Photos

Por Beatriz Ramos Tupinikim
Acadêmica em Terapia Ocupacional - UFES
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo - Multivix Vila Vela
Fundadora e Administradora do IG > @povostupinikim
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